Vítima de Covid-19, Jonas Ramos dará nome à Escola Náutica de Pontal do Paraná


Por Diogo Monteiro Publicado 30/03/2022 às 11h03 Atualizado 17/02/2024 às 05h04

Quem anda pelas ruas das cidades do Litoral se depara o tempo todo com nomes de pessoas estampadas em placas. Em Pontal do Paraná, na região do Guaraguaçu, por exemplo, tem o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Francisco Antônio Vieira, também a rua Sezino José Ramos, entre tantas outras.

A denominação de logradouros (espaços públicos como ruas, avenidas, praças, passeios públicos, escolas etc.) é uma das atribuições dos vereadores. Geralmente, estes locais recebem nomes de pessoas falecidas e que tiveram alguma importância histórica ou atuação importante na comunidade, em uma espécie de homenagem póstuma.

Os nomes já citados acima, que dão títulos aos espaços no bairro do Guaraguaçu, têm muito em comum: são da mesma família. É que na região vivem famílias tradicionais e nativas que residem lá há anos e, com isso, acabam se tornando parte da história da cidade.

Francisco Antônio Vieira e Sezino José Ramos eram, respectivamente, bisavô e avô de Daniele Ramos, filha de Antônio Ramos (figura que também foi muito importante e conhecida no local) e de Maria Leoni Pereira Ramos, de 70 anos. Ela também é irmã de Jonas Ramos, mais conhecido como Godo, falecido em julho de 2021, devido às complicações de Covid-19.


Iniciativa do vereador Paulo Parada


Assim como o bisavô e o avô, que já foram homenageados, Godo deverá dar nome à Escola Náutica de Pontal do Paraná, que se localiza no Guaraguaçu, pois foi aprovado por unanimidade na sessão plenária de terça-feira (22), na Câmara de Pontal do Paraná, o Anteprojeto de Lei nº 164/2021, de iniciativa do vereador Paulo Parada (PDT) com esse objetivo. “O Jonas era um rapaz muito ligado à comunidade, ajudava todo mundo, o que você pedisse, ele largava tudo e ia ajudar. É alguém que merece a homenagem”, conta a irmã.

Jonas Ramos e a mãe, Maria Ramos, pouco antes dele ser infectado pela Covid-19. Foto: Reprodução/Redes sociais

Jonas tinha recentemente completado 44 anos quando foi infectado pela Covid-19. “Ele estava bem, mas pegou o coronavírus através de uma dessas ajudas – quando deu carona a um amigo que estava assintomático, mas toda a família dele estava contaminada. Alguns dias depois da carona, esse amigo ligou avisando que tinha testado positivo e o meu irmão foi fazer o teste também. Infelizmente, deu positivo”, relembra Daniele.

Após testar positivo, Jonas ficou dois dias em casa, dois dias na Unidade de Pronto Atendimento 24h de Pontal do Paraná e, então, foi transferido para o Hospital do Rocio, em Campo Largo, onde ficou 30 dias internado e entubado. “Lá pegou uma bactéria no pulmão, teve uma parada cardíaca de 25 minutos e não resistiu. Isso foi no dia 21 de julho de 2021”, lamenta a irmã.

O falecimento de Godo pegou aos familiares, também a toda comunidade, de surpresa, que contam acreditar que ele iria se recuperar. Durante o velório, que foi realizado na própria casa, família, amigos e conhecidos lotaram a residência.

Quem foi Jonas Ramos?

Ele fazia muito pela comunidade: roçada, mutirão, limpava o cemitério todo, o pátio da igreja. Vivia em função dela, além do trabalho como segurança, em Paranaguá. E fazia isso espontaneamente, como voluntário. Com quem você falar, a pessoa irá contar as mesmas coisas, porque Jonas era muito querido”, diz Daniele.

Os moradores do bairro ainda não superaram a morte de Godo. Rogério Romanholi Triani, proprietário da loja Antiquário do Turco, conta que ele faz muita falta. “Temos orgulho de falar do Jonas: sempre prestativo, ajudando, sorrindo. Uma pessoa ímpar, sem comparação. O que estava ao seu alcance, se esforçava para fazer, ajudar. É alguém que faz muita falta, tanto na amizade quanto no lugar. Agora ficou um vazio”, lamenta.

O dono do Mercado do Zico, Izael Izidoro, também se emociona ao falar sobre Jonas. “Godo era um grande amigo, estava aqui presente quase todos os dias, porque vinha conversar, contar histórias. Eu soube [da morte] quando meu filho chegou aqui chorando, dizendo que ele se foi. Para nós, foi muito triste e, até hoje é. Nós não o esquecemos. Para mim, era um irmão. Sinto muita saudade”, conta.

Jocira de Oliveira, proprietária da floricultura Plantas e Flores, destaca que Jonas tinha um grande coração. “Era um irmão, um menino muito prestativos, não vivia para si, vivia para os outros, se doava. Não temos o que falar que não seja coisa boa. Todo dia que saía para o trabalho ia por aqui, dava bom dia e passava no ponto, via se tinha alguém indo ao trabalho para dar carona. O Godo era muito especial, merece toda homenagem e ainda é pouco”, conclui.