Bactéria que inflama a pele causa feridas em crianças de Guaraqueçaba
Por Brayan Valêncio
Um tipo de inflamação na pele tem causado feridas em pessoas da comunidade de Taquanduva, em Guaraqueçaba. A suspeita é de que as lesões sejam provocadas, supostamente pela bactéria Estafilococos. Este tipo de microrganismo aparece em situações de contato com esgoto, por causa da falta de saneamento básico ou problemas na água.
A bactéria costuma entrar na pele, geralmente em picadas de mosquito e cortes, provocando erupções que sangram ou criam pus. Há relatos de casos desde o início do ano na cidade litorânea, mas a situação se agravou nos últimos dias, e levou a população local a pedir auxílio a autoridades estaduais.
A prefeita Lilian Ramos Narloch (PSC) esteve em Taquanduva, junto com o secretário da Saúde, Alcendino Ferreira Barbosa (PSDB), o Thuca da Saúde, na tarde desta terça-feira (25) e constatou quatro casos em crianças da comunidade.
“Ainda não podemos atestar que seja Estafilococos. Amanhã a equipe de saúde estará na comunidade para fazer consultas e todo o atendimento. A partir daí, o médico emitirá um laudo clínico sobre a situação”, explica a prefeita, que acrescentou que foi coletada água da região para realizar análises. “Não é toda comunidade [que está infectada]. A gente foi de casa em casa e vamos pedir para que os técnicos emitam um lado para que a gente possa ter certeza do que é ou não”, comenta Lilian.
ALERTA ANTERIOR
Documentos obtidos pelo JB Litoral revelam que o deputado estadual Goura (PDT), enviou requerimento à Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (ALEP), no dia 05 de maio, pedindo a atenção do secretário de estado da Saúde, Beto Preto, na questão da qualidade da água potável que chega às ilhas das Peças, de Superagui e do Mel. O documento ressalta que “a população local demonstrou preocupação com a certificação da qualidade da água consumida” e por isso é necessário o acompanhamento e a adequação aos padrões básicos de saúde. O requerimento não foi respondido até a publicação desta reportagem.
Um outro ofício endereçado à prefeita Lilian Ramos, datado do dia 11 de março, cita que ocorre uma “disseminação de Estafilococos na comunidade de Taquanduva, devido às más condições da água consumida no local” e recomenda a ampliação do número de profissionais de saúde em Superagui, já que na ilha só há um clínico geral que atende uma vez por semana. O documento, além de informar que a Secretaria da Saúde já havia sido contatada, também pede para que haja mais atendimentos, além de especialistas em saúde mental, dentistas e ginecologistas.
MEDIDAS SANITÁRIAS
O chefe da 1º Regional de Saúde de Paranaguá, José de Abreu, diz que “a ação de diagnóstico destas infecções cutâneas deve ser inicialmente promovida pela atenção básica do município. Estou comunicando ao secretário municipal de saúde sobre estes fatos, e colocando a equipe da regional como apoio para as medidas que se fizerem necessárias”.
Em nota, a Sanepar informou que “tem um programa de saúde preventivo que se materializa com atendimento à população com água tratada e esgotamento sanitário. Em Guaraqueçaba, o atendimento à população urbana com água tratada é de 100%. E 88% da população tem acesso à rede coletora de esgoto, sendo que 100% do esgoto coletado é tratado”.
Procurado pela reportagem, o deputado estadual Goura informou que conversou pela manhã com o presidente da Sanepar, Cláudio Stabile, e que houve a determinação de fazer a análise da água que chega ao município. O resultado deve sair na sexta-feira (28). Para o deputado, a situação merece atenção e é inadmissível que a população ainda sofra com a falta de saneamento básico.
“A gente precisa que o governo olhe com mais atenção para essas questões. Principalmente ali nas regiões das ilhas devido à precariedade que algumas comunidades passam. A prefeitura de Guaraqueçaba tem um orçamento pequeno e muita dificuldade de logística”, explica o parlamentar, que também acredita que ações preventivas deveriam ter sido tomadas. “É uma situação que poderia facilmente ser evitada se tivéssemos uma política de saneamento e meio ambiente que fosse tratada como prioridade”, conclui.
A Secretária de Estado da Saúde (SESA) não respondeu aos questionamentos do JB Litoral até o fechamento desta reportagem. A equipe de reportagem busca mais detalhes sobre o assunto, como quantas pessoas foram afetadas, em quais condições vivem, se receberam atendimento e em quais localidades foram registrados casos. Quando houver novas informações, a matéria será atualizada.