Com 152 anos de fundação, Alexandra é a 1ª colônia italiana no Paraná


Por Luiza Rampelotti Publicado 14/02/2023 às 16h16 Atualizado 18/02/2024 às 04h46

Nesta terça-feira (14), é comemorado o aniversário de 152 anos de fundação do Distrito de Alexandra, em Paranaguá. Mais de um século e meio se passaram, mas, ainda hoje, a pacata vila conserva uma característica típica de colônia.

É que Alexandra foi a 1ª colônia italiana do Paraná, colonizada por Sabino Tripoti que assinou, junto ao governo Imperial do Brasil, em 14 de fevereiro de 1872, o contrato de compra da área da terra. A partir daquele dia, a região recebeu o nome de Colônia Alessandra e, somente em 1877, passou a se chamar Colônia Alexandra.

Nos últimos tempos, a região tem recebido cada vez mais atenção por parte do poder público que, inclusive, criou uma secretaria municipal para atender as demandas do bairro. A secretaria de Desenvolvimento Rural Sustentável de Alexandra e demais Colônias (SEMDAC) passou a funcionar em 2023, tendo como secretário Oseias Bisson, morador do distrito.

De acordo com o prefeito Marcelo Roque (Podemos), a SEMDAC tem como finalidade o desenvolvimento das atividades agropecuárias do Município e sua integração à economia local e regional. “O objetivo é proporcionar o protagonismo, principalmente do segmento agropecuário, no distrito de Alexandra e nas colônias da nossa cidade”, disse.

O secretário da pasta homenageia o distrito pelo seu aniversário; inclusive, ele é o autor da lei 4.216/22, que instituiu a data comemorativa no calendário oficial de Paranaguá. “Alexandra tem muita importância para mim, é o local onde nossa família escolheu para residir. Me orgulho pelas pessoas que vivem no distrito, povo que contribui para o crescimento e desenvolvimento da região. Lembrar essa data é uma homenagem àqueles primeiros colonos que trabalharam e acreditaram no melhor dessa terra”, comentou Bisson.

Secretário Bisson reside em Alexandra. Foto: Arquivo pessoal

Bairro afastado de Paranaguá

Hoje, a região possui em torno de 9 mil moradores, conforme o secretário Bisson. O distrito é tratado como um bairro afastado de Paranaguá, há 16 km do centro da cidade; mas, para a maioria dos serviços, os moradores não precisam sair dele.

O lugar conta com escolas, postos de saúde, mercados, farmácias e entre outros. Tudo se reúne em torno da antiga Estação Ferroviária, cartão postal e tombada pela Coordenadoria do Patrimônio Cultural do Paraná.

Colônia para abrigar ferroviários

A ferrovia de 110 km da linha Curitiba-Paranaguá, que liga a capital do Estado ao Litoral, inaugurada em 1885, foi construída sob o suor e sangue de trabalhadores ferroviários. O Distrito surgiu para abrigar esses operários.

O historiador e pesquisador Kallil Assad conta a história do nascimento de Alexandra. “O distrito nasceu em virtude da construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá, entre 1880 e 1885. Era uma colônia iminentemente de italianos que surgiu pela necessidade da ferrovia, e é considerada a primeira colônia italiana do Paraná. O cemitério, por exemplo, foi muito usado para enterrar aqueles ferroviários que morriam, muitos de malária, de picadas de cobra, até porque estavam desbravando uma mata virgem. O distrito tem uma importância histórica no contexto da construção desta linha ferroviária”, diz. 

Atualmente, as casas de ferroviários ainda existem, algumas ocupadas por ex-ferroviários, outras por pessoas comuns que adquiriram os imóveis após a privatização da Rede Ferroviária Federal. Outras, ainda, tombadas pela União como patrimônio histórico.