Denúncia de compra de votos na Convenção Estadual do PMDB


Por Redação JB Litoral Publicado 25/06/2014 às 21h00 Atualizado 14/02/2024 às 00h47

Uma denúncia feita pelo deputado federal João Arruda (PMDB) movimentou o cenário político de Paranaguá na última semana. Aliado político e sobrinho do senador Roberto Requião (PMDB), que concorrerá no próximo dia 20 para ser candidato à governador na convenção do partido, Arruda denunciou a nomeação na Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) de Camila Roque como uma possível compra de voto de delegados do PMDB para a aliança da sigla com o governador Beto Richa (PSDB).  Camila é filha do presidente da Câmara Municipal, vereador Marquinhos Roque (PMDB), assim como sobrinha de Mário Cezar Elias Roque, o “Maruca”, os dois são delegados do partido e representam dois votos na convenção partidária, que terá participação de 700 convencionais. Apesar disso, Marquinhos subiu ao plenário e negou qualquer compra de voto, afirmando que acusação é caluniosa, ressaltando que “contra o Requião ele vota de graça”.

João Arruda denunciou que, através da Portaria nº 184/2014, assinada pelo superintendente Luiz Dividino, o Governo do Estado nomeou Camila para o cargo de Relações Públicas no porto, com um salário mensal de R$7 mil. Tal nomeação, segundo o deputado federal, teria sido feita para compra o voto de dois delegados do PMDB para a aliança com o governador Beto Richa. A convenção do PMDB, que decidirá se o partido lançará como candidato ao governo o ex-governador Roberto Requião, ou se a sigla irá optar por uma aliança com o atual governador, será decisiva para os rumos da eleição em outubro. Na eleição interna do partido, cerca de 600 delegados decidirão o rumo do PMDB no Paraná.

Além de Camila Roque, o governo do Estado nomeou outro delegado do PMDB para cargo dentro da APPA. Trata-se de Ivori José Dias, que é delegado do PMDB em Guaraqueçaba, e foi nomeado através da Portaria nº 181-APPA para exercer o cargo de chefe da seção de operações em Antonina (simbologia CC-5). A denúncia também foi feita por Arruda, que lamentou tal fato, afirmando que “o governador deveria dedicar sua energia ao salvamento das vítimas das enchentes que castigaram o Paraná, não se metendo na disputa interna do PMDB. Esses e outros R$ 7 mil distribuídos por aí vão fazer falta aos desabrigados”.

Ainda segundo o deputado federal, ele irá acionar a Justiça para que os três convencionais, Marquinhos Roque, Maruca e Ivori José Dias, tenham seus votos invalidados na convenção do PMDB através de suspeição. “Mais do que batom na cueca significam provas concretas de que o governo de Beto Richa está comprando convencionais do PMDB para votarem a favor da coligação com o PSDB”, completa Arruda.

 

Cargos são exonerados

 

Ivori, delegado do PMDB de Guaraqueçaba, foi nomeado na APPA no dia 09 de junho, enquanto Camila Roque teve sua nomeação publicada no dia 10 de junho. Ocorre que, já no dia 10 de junho, mesmo dia da nomeação da filha de Marquinhos Roque, o deputado federal João Arruda apresentou denúncia sobre as nomeações e uma possível compra de votos para a convenção do PMDB. Confirmada ou não tal denúncia, a APPA surpreendentemente exonerou tanto Camila quanto Ivori, no dia 11 de junho, segundo e-mail interno da administração portuária. Camila Roque, portanto, ficou menos de 24 horas no cargo de Relações Públicas, enquanto o delegado do PMDB de Guaraqueçaba, ficou pouco mais de um dia lotado no cargo de CC-5 em Antonina.

Apesar das exonerações feitas, João Arruda continuou insistindo que irá pedir, junto à direção nacional do PMDB, a suspeição dos convencionais do PMDB do litoral, algo que fará com que ao menos três votos que seriam pró-Richa serem invalidados na convenção.

 

Polícia Federal entra no caso

 

O delegado do PMDB, Ivori José Dias, que teria sido nomeado na APPA na última semana, colocou o caso a conhecimento da Polícia Federal (PF), na última sexta (13), fazendo com que a convenção interna do partido ganhasse as páginas dos jornais. Em seu depoimento à PF, Ivori afirmou que FOI PROCURADO PELO DIRETOR DO PORTO DE ANTONINA PARA O OFERECIMENTO DO CARGO de Chefe de Seção de Operações de Antonina, em troca de voto em prol de Beto Richa na convenção do PMDB.

Requião também comentou o caso, afirmando, em vídeo, que “a denuncia tem que ser feita e os responsáveis por essa barbaridade devem ir para a cadeia, que o destino de todo malandro que utiliza recursos públicos para corrupção”. O advogado do senador, Luiz Fernando Delazari, afirmou que a situação “não se trata de ganhar ou perder a convenção, mas de combater a corrupção absurda desse governo. Estou pessoalmente monitorando o trabalho de investigação e não vou admitir essa palhaçada”. Delazari, que foi secretário de segurança na gestão de Requião, afirma que possui provas da compra de votos de convencionais em outros locais do estado.

 

Marquinhos Roque responde

 

Na sessão legislativa da última quarta-feira (11), o presidente da Câmara Municipal, vereador Marquinhos Roque (PMDB), pai de Camila Roque e um dos delegados do PMDB em Paranaguá, comentou a recente denúncia feita por João Arruda. Para ele, isso é na verdade uma campanha de calúnia na mídia em torno da compra de votos. “Se o PMDB tiver que votar para candidato entre o Requião e um cachorro, voto no cachorro”, afirma Marquinhos, ressaltando que seu voto contra o ex-governador é “de graça”, dando a entender que a denúncia sobre uma possível compra de seu voto para a aliança do partido com Beto Richa é inverídica, visto que Marquinhos já é contrário a Requião há muito tempo.

Ressaltando o atrito entre Requião e seu falecido pai, Mário Roque, Marquinhos afirmou que nas eleições municipais de 2012, onde Roque se elegeu, teve uma disputa interna no PMDB entre João Arruda e Requião contra o próprio diretório municipal do partido, presidido por Roque na época. Arruda, que foi o autor das denúncias, segundo o presidente da Câmara, em 2012, tentou tirar Roque da disputa para prefeito para negociar o apoio na disputa no pleito com o PSDB ou o PT.

Chamando João Arruda de “pilantrinha”, o vereador ressaltou que na época ele, seu falecido pai, e o diretório municipal do PMDB, foram chamados para uma reunião com o diretório estadual do partido em Curitiba, onde perderam o comando do partido no município com 11 votos contrários a permanência deles no partido.Apesar disso, Marquinhos Roque afirmou que houve a necessidade de entrar na Justiça para ganhar novamente o comando do PMDB em Paranaguá e garantir a candidatura de Roque, que se elegeu prefeito.

“O mundo dá voltas”, é o que afirmou Marquinhos Roque, ressaltando que no início desse mês, o deputado federal João Arruda entrou em contato com o presidente da Câmara, visitando-o em seu gabinete para pedir o seu voto de delegado para a candidatura própria do PMDB ao governo do Estado com Requião. Ressaltando que jamais iria votar a favor de Requião, Marquinhos afirmou que negou o pedido de Arruda, observando que, a água “bateu no pescoço de Requião”, que vê agora sua candidatura cada vez mais longe e a aliança de PMDB com Richa se consolidando. Segundo o vereador, é por essa preocupação com a derrota no partido que fez João Arruda fazer  a denúncia falsa de compra de votos, colocando fatos inverídicos na mídia para tentar reverter um quadro dentro do partido.

*Com informações do Blog do Esmael