Quadrilha de fertilizantes e “vazadas” estão na mira da Polícia Civil de Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 30/07/2016 às 15h38 Atualizado 14/02/2024 às 15h04

Delegado Nilson Diniz, o foco é chegar aos receptadores finais das cargas

Prática comum em cidades portuárias, as “vazadas” (aberturas de bicas de caminhões) constituem um crime e evidenciam a ponta de um novelo ainda mais complexo: as quadrilhas de roubo de fertilizantes, que fazem da prática uma profissão ilícita e que envolve uma rede de contatos, que passa por vários estados brasileiros. A Polícia Civil, em parceria com outras instituições, vem trabalhando diariamente para identificar autores e coibir as ações das organizações criminosas.

De acordo com o Delegado Adjunto da Polícia Civil de Paranaguá, Nilson Santos Diniz, o aumento nos números dos boletins de ocorrência reflete a incidência cada vez maior das vazadas. “Muitos caminhoneiros registram o BO sobre a abertura das bicas. E isso tem aumentado a cada dia. As bicas são abertas e, à medida que o material vai caindo pelo chão, os autores da prática vão recolhendo este material”, explica o delegado.

Segundo Diniz, a Seção de Investigação de Paranaguá levantou “zonas quentes”, locais onde a prática do crime é mais frequente a fim de elaborar um plano de monitoramento para tentar monitorar os autores e as quadrilhas.
 

“Com o levantamento dos locais de maior incidência, que estão espalhados em vários pontos da cidade, o próximo passo está sendo identificar os autores das práticas, que são passíveis de serem enquadrados em inquéritos penais. Percebemos que as vazadas acontecem, constantemente, em áreas com maior concentração de caminhões e próximo a lombadas, onde o autor aproveita e abre a bica, para retirar o material”, pontuou o delegado.
 

O passo seguinte, após aferir os pontos de maior concentração do crime, por meio das equipes de investigação, foi passar a realizar diligências e identificar possíveis autores. “Com a localização destes praticantes, foram instaurados inquéritos policiais e estas pessoas estão sendo indiciadas e, em breve, elas serão responsabilizadas pelo crime”.
 

Quadrilhas

Nilson Diniz destacou ainda que, apesar da importância em indiciar as pessoas que são responsáveis em abrir as bicas, o trabalho mais minucioso da Polícia Civil é o de chegar às quadrilhas especializadas em roubo de fertilizantes.

“O autor das vazadas geralmente é usuário de drogas e pratica o crime no intuito de conseguir qualquer quantia em dinheiro para satisfazer a sua dependência química. Porém, eles deixam o caminho ainda mais exposto para chegar ao nosso grande foco, que são as quadrilhas que roubam fertilizantes. Esses grandes receptadores vão comprando, a preço muito baixo, as quantias recolhidas pelos autores das vazadas e juntam uma grande quantia de fertilizante e também qualquer tipo de grão até chegar ao ponto em que carregam um veículo e seguem para outro estado”, destacou.

Para o delegado adjunto, o organograma do crime conta, além dos autores das vazadas e dos receptadores iniciais, com pessoas responsáveis em falsificar notas fiscais, para poder dar “legalidade” à carga e os receptadores finais que, segundo Diniz, na maioria das vezes, não estão em Paranaguá, já que ficam em cidades de estados, como Goiás e Mato Grosso, por exemplo. Neste caso, a Polícia Civil conta com o apoio de entidades policiais destes estados a fim de chegar ao último integrante deste quadro.

Segundo Diniz, as investigações são complexas e passam por várias etapas, que vão desde a apreensão dos autores das vazadas, identificação das quadrilhas locais e, por meio do trabalho interestadual, a localização dos últimos receptadores das cargas.