A crise que não se vê na temporada
Começamos o ano com uma frase na ponta da língua: “o país está em crise”. Está nos jornais, nas redes sociais, na análise dos economistas e no discurso de muitos políticos. Se o país está em crise, logo deve-se concluir que a nossa região não está alheia a este caos, não é mesmo? Mas, o litoral está em crise? A temporada de verão está em crise?
Enquanto se levou, durante o feriado de fim de ano, três horas para deixar São Paulo e chegar às praias paulistas, percurso de 70 km, por aqui se leva o mesmo tempo ou mais para percorrer 20 km até Praia de Leste, em Pontal do Paraná. Se o destino for a paradisíaca Ilha do Mel, em Pontal do Sul, acrescente mais uma hora e meia de espera e paciência.
Sem uma casa, espaço em camping e até mesmo um quartinho disponível para locar com preços nada módicos, começo estranhar a tal da crise.
Disputar por mais de uma hora e meia uma mesa vaga no Bora Bora até desistir e se contentar com o Per Tutti por ter que esperar a metade do tempo, não me parece sinais de crise financeira. Mas como discordar de sérios economistas e jornais de credibilidade, quando o povo não se importa em pagar o dobro em um fardo de cerveja e o triplo numa bola de sorvete ao filho?
Qual a lógica da crise no dia a dia que se vive atualmente na temporada de praia? Se a crise está assim tão grave, melhor seria nem gastar com o ócio no litoral. Qualquer economista recomendaria austeridade, mas esta palavra parece não ser do conhecimento da população das praias da região.
Aí ficamos na dúvida de onde está esta crise que assola o país, pelo menos, aqui nas cidades do litoral do Paraná, onde todo o Estado parece estar em cada canto dos muitos balneários, gastando e, em muitos casos, “sendo explorado” sem nenhuma preocupação.