Holerites Indiscretos


Por Redação JB Litoral Publicado 08/04/2015 às 10h20 Atualizado 14/02/2024 às 06h57

Engana-se quem pensa que o poder de administrar e dar destino a recursos públicos é restrito apenas aos detentores de mandato dos poderes executivos, nas esferas municipais, estaduais e no plano federal. Na verdade, eles são os ordenadores das despesas e fica nas mãos dos agentes políticos, os secretários municipais, a sedutora função de gerir a grana do povo. 

Gerir o erário público não se limita a usar o dinheiro dos impostos em obras, licitações e contratações, pois a maior parte do bolo orçamentário não precisa sair da prefeitura, 60% do que é arrecadado é consumido pela folha de pagamento. Mesmo respeitando o limite legal de 54% de gastos com pessoal, ainda assim gerir a folha de pagamento é o maior sonho de consumo daqueles que não conseguem separar o que é seu com o que é do povo.

O que vem ocorrendo no setor de Recursos Humanos da prefeitura de 2012 para cá é algo que o prefeito Edison Kersten precisa olhar com lupa e a minúcia de quem sabe encontrar agulha no palheiro.

Os documentos que chegaram às mãos do JB dariam uma série de reportagem tal qual a premiada “Diários Secretos” da Gazeta do Povo, mas sob o título “Holerites Indiscretos”.

Afinal, como entender que uma auxiliar de serviços gerais consiga realizar até 300 horas trabalhadas num mês no Palácio São José, deduzindo 60 horas de almoço e mais 240 horas de sono, de um total de 720 horas possíveis, incluindo sábados e domingos. Só mesmo morando no prédio.

Ou ainda um servidor receber benefícios proibidos por uma lei que no próximo ano completa uma década de vigência, fazendo do seu salário uma remuneração maior do que a de um vereador.

Mais lamentável é saber que parte desta situação ocorreu quando a vereadora Sandra Neves respondia pela secretaria de Recursos Humanos e, se foi feito de forma correta ou não, cabe agora ao Ministério Público do Paraná se debruçar sobre esta situação e ouvir as necessárias explicações de quem assim permitiu.

Afinal, é o nosso dinheiro e o das empresas que está sendo gasto.