O Governo do Estado quer aposentar o Dom Pedro II


Por Redação JB Litoral Publicado 17/03/2016 às 11h00 Atualizado 14/02/2024 às 12h46

Desde 2011, o Governo do Estado, através da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), dá fortes indícios, através de tentativas atrozes, de “aposentar” o porto Dom Pedro II em Paranaguá. Os sinais desta suposição se tornaram visíveis com ações de gastos contínuos, exorbitantes e excessivos, mudança na logística e estrutura de forma equivocada e a imposição na alteração da poligonal que, até o momento, tem atendido à movimentação portuária, mesmo sem ainda ser alterada. É importante destacar que o governo defendeu a mudança, através da Lei 12.815/2013, mas, a própria normatização diz que não há necessidade de intervenção quando a poligonal é funcional. 

A tentativa de privatizar uma função essencial, que é a Guarda Portuária e, extinguir a função de auxiliar de serviços gerais, mostra que o Governo do Estado sequer teme o confronto com o servidor de carreira, que já deixou na faixa portuária seu sangue e suor.

Porém, o que mais preocupa são obras equivocadas, os milhares de reais gastos com desnecessárias e suspeitas consultorias e as campanhas de dragagens que, juntas, dariam para comprar uma frota de dragas para o porto. Vale lembrar que na gestão Requião gastou-se R$ 29 milhões, enquanto que Henrique Dividino já ultrapassou R$ 273 milhões em três campanhas.

Até mesmo recursos públicos foram usados para demolir armazéns da faixa primária e Vila da Madeira, quando se poderia licitá-los e passar este custo aos seus eventuais arrematadores.
Nunca se gastou tanto recurso público na APPA em tão pouco tempo e sem uma finalidade que vise melhorar a estrutura pública portuária para o futuro. Afinal, com shiploaders sucateados e armazéns demolidos, não se vê investimentos na recuperação destes equipamentos e tampouco em uma estrutura de retaguarda.

Não precisa ser economista para ver que o porto se encontra em um processo de desconstrução, descrédito comercial e, consequentemente, ritmo de “aposentadoria”, porque me recuso a usar o substantivo “falência”.

Com a garantia de dois novos terminais portuários fora da área do porto organizado esperando pelos Terminais de Uso Privativo (TUPs), por que investir no “vovô” se o amanhã pertence aos “jovens”? Esta é a pergunta que o gestor maior do Paraná precisa responder, mas não de forma evasiva e sim com propriedade e retidão. Mas, como fazê-lo com uma alegação utópica de R$ 4 bilhões de novos investimentos do TUP’s?

E assim, o Dom Pedro II comemora 81 anos de “recordes”.