Uma poligonal boa para todos!
Qualquer espécie de mudança acaba por criar uma carga de expectativa, que, às vezes, se confunde com o medo e que abarca diretamente todos os envolvidos nesse processo. Com o novo traçado da poligonal portuária não está sendo diferente. Contudo, o fato de isolar o porto público na área de porto organizado e abrir espaço para terminais privativos como alternativa na faixa portuária já dá a noção temerosa do que pode se tornar o mercado de trabalho no que toca aos operadores portuários. O risco de o porto público sucumbir por conta de uma concorrência desleal criará a precarização da mão de obra especializada do trabalhador portuário avulso, resultando no perigoso leilão de qualidade.
Mas para quem interessa a mudança para pior, caso não se garanta, legalmente, a garantia de mão de obra do TPA nos terminais privados e a continuidade dos investimentos de infraestrutura dos atuais operadores portuários? Para um grupo de empresários e segmentos descompromissados com a cidade e seu desenvolvimento, há o interesse pleno que o novo traçado aconteça sem qualquer tipo de cláusula social.
Os discursos, perguntas e encaminhamentos feitos na reunião preparatória da audiência pública da poligonal realizada no sábado deixaram claro os interesses de cada lado. E não foi à toa que advogados e segmentos do agronegócio de distantes cidades paranaenses estiveram presentes e se manifestaram ao ministro dos Portos Edinho Araújo. A preocupação de quase todos foi uma só: pressa de se colocar em prática o que foi proposto pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), com apoio do G-7 e Governo do Paraná.
Felizmente, presidentes das federações dos Portuários e dos Avulsos se fizeram presentes e defenderam a necessidade da manutenção da mão de obra dos tpas. Em reforço aos seus pleitos, a própria base das muitas categorias levou sua voz para audiência e para os senadores Requião e Gleisi Hoffmann, além dos deputados federais João Arruda, Christiane Yared e Ricardo Barros.
O Ministério Público do Paraná e o Ministério Federal do Trabalho também ouviram os dois lados interessados, deixando claro vários pontos, até para que não se alegue um posterior desconhecimento.
Ninguém é contra a modernização e o investimento privados, contanto que ele não venha contra ao que vem dando certas a mais de 80 anos nos portos de Paranaguá e Antonina, através dos sucessivos recordes nacionais de movimentação das safras agrícolas e de fertilizantes. O que se quer é uma poligonal boa para todos.