Acidentes domésticos com idosos aumentam durante a pandemia


Por Redação Publicado 19/06/2021 às 18h56 Atualizado 16/02/2024 às 05h36

No Paraná, o início do mês de junho evidencia a Semana Estadual de Prevenção de Acidentes Domésticos com Idosos, instituída desde 2017, pelo decreto da Lei Estadual nº 18.952/2017. Os incidentes dentro da própria casa sempre foram um perigo para os mais velhos, mas isso tornou-se algo ainda maior, e com mais recorrência nos últimos meses, devido à pandemia da Covid-19.

Os idosos têm permanecido por mais tempo dentro de suas casas e, por muitas vezes, sozinhos. A Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) divulgou dados da Universidade Federal de São Paulo (USP), os quais apontam que 29% dos idosos sofrem quedas, ao menos, uma vez ao ano e 13% caem de forma recorrente. No período de pandemia e isolamento social, o número chegou a 30%, o que demonstra a necessidade de adotar e difundir medidas que evitem este tipo de acidente.

Esse também é um retrato do cenário do litoral paranaense, de acordo com o coordenador do Instituto EnvelheSer – Centro se Convivência da Pessoas, o empreendedor, o fisioterapeuta, José Eduardo Caetano. Ele relatou ao JB Litoral ter tido conhecimento de muitos incidentes, dentro da própria casa, com idosos desde o início da pandemia.

“Existe um aumento considerável nos acidentes domésticos, pois com o isolamento social, os idosos passam mais tempo sozinhos em casa, além do habitual. Por isso, é necessário que os familiares redobrem a atenção e o cuidado, mesmo dentro do conforto do próprio lar”, conta o coordenador do Instituto Envelhecer.

De acordo com o Ministério da Saúde, só em 2020 foram contabilizadas mais de 300 mil internações em função dos acidentes domésticos. Para o criador da lei que propõe orientar e difundir medidas que evitem quedas e outros tipos de situações dentro de casa envolvendo pessoas acima dos 60 anos, o deputado estadual Wilmar Reichembach (PSC), a situação pandêmica exige cuidados por vários fatores.

“Os acidentes domésticos mais graves podem ter consequências sérias, pois podem aumentar o risco de uma internação justamente neste momento em que a capacidade dos hospitais já está esgotada. Por isso, precisamos dar ainda mais atenção ao nosso lar, para que seja um local seguro para todos, especialmente aos idosos”, salienta Reichembach.

O fisioterapeuta e professor universitário da Faculdade Paranaense (Fapar), Raphael Gonçalves, explica que o processo de envelhecimento traz consigo lentidão dos reflexos. “Ocorre perda da acuidade visual, déficits de equilíbrio, diminuição do comprimento de passada e sarcopenia, que é a perda de força, massa muscular e diminuição do desempenho físico. Esses fatores influenciam para que acidentes, dentro da própria casa, aconteçam”, esclarece o fisioterapeuta.

O que causam os acidentes ?

Quando se fala de acidentes domiciliares com idosos, a queda é o principal, porém, não único, causador desses cenários. Os tombos podem ocorrer por questões motoras da pessoa e também devido às condições do próprio ambiente.

Tapetes, escadas, fios soltos e pisos escorregadios no banheiro são alguns dos grandes vilões no que diz respeito a quedas dentro de casa. “Nas pessoas idosas, as quedas podem trazer consequências graves como a perda da capacidade funcional, lesões físicas, perda de independência e autonomia, além de piorar a qualidade de vida, causando isolamento e, em alguns casos, até a morte”, acrescenta Gonçalves.

Para o deputado Reichembach, a prevenção é o melhor caminho. “Evitar os acidentes domésticos reduz o sofrimento dos idosos, dos familiares, o gasto financeiro com medicação e possíveis cuidadores, e também a sobrecarga do sistema de saúde no caso de uma internação que poderia ter sido evitada”, explica.

Prevenir é necessário!

Em Paranaguá, com o objetivo de preparar as famílias para saberem como agir em possíveis situações de incidentes, o Instinto Envelhecer oferece, gratuitamente, um treinamento para pessoas a partir de 12 anos. “É um curso no qual ensinamos como socorrer uma pessoa idosa em situações de quedas, mal súbitos e também a identificar sinais do corpo, que mostram que, por algum motivo, o idoso não está bem”, exemplifica o coordenador do Instituto.

Interessados em iniciar o treinamento, devem fazer uma inscrição prévia pelo telefone (41) 3721-5777.

Por Karla Brook com informações da Alep