Especial – O que Paranaguá tem que os outros portos não têm


Por Redação Publicado 19/03/2023 às 22h31 Atualizado 18/02/2024 às 07h18

Paranaguá não é apenas o segundo porto mais importante do Brasil. Nem só aquele que faz mais com menos, ou seja, aquele que é o mais eficiente por metro quadrado, considerando seus quatro quilômetros de cais. É também aquele que tem diferenciais que muitos almejam. Algumas dessas situações exclusivas podem não ser observadas por quem passa pela região portuária. É preciso conhecer os sistemas de funcionamento e os meandros que atraem cargas, operadores, importadores e exportadores. E assim, movimentam a economia de toda a região, trazendo dinheiro para o município e seus moradores, de forma direta ou indireta. Nesta data comemorativa, o JB Litoral traz uma lista desses marcadores que colocam o porto de Paranaguá em privilegiado patamar no cenário brasileiro e mundial.

Muitos primeiros lugares


Somadas todas as movimentações, Santos tem os maiores números, mas quando se olha para alguns tipos de cargas estratégicas, Paranaguá lidera rankings. O Brasil importa aproximadamente 85% de todos os fertilizantes que usa – e usa muito – para garantir a produtividade da pujante agricultura. E a principal entrada no Brasil é por Paranaguá. Também a cevada, usada para a fabricação de cerveja e outros produtos, chega majoritariamente pelas águas paranaenses. No quesito exportação, a lista de primeiros lugares começa com a soja e também pelas carnes de frango e porco. Ou seja, uma parte substancial do que mantem o superávit da balança comercial brasileira sai por Paranaguá.

Autonomia administrativa


O Porto de Paranaguá foi o primeiro público a ter autonomia administrativa. Isso significa poder tomar boa parte das decisões que são importantes sem depender de Brasília. Essa situação representa mais agilidade aos processos licitatórios, por exemplo. Antes era necessário que tudo fosse conduzido pelo governo federal, que nem sempre priorizava os interesses locais e tudo demorava muito mais. A partir de 2019, essa delegação de porte foi dada a Paranaguá. Desde então, foram 16 prêmios recebidos e mais de 30 recordes superados. Foi reconhecido pela melhor gestão portuária do Brasil por três vezes consecutivas no prêmio “Portos + Brasil”, entregue desde 2020 pelo Ministério da Infraestrutura. A Portos do Paraná obteve a melhor nota no Índice de Gestão das Autoridades Portuárias (Igap) em todas as edições realizadas. Um dos reflexos é a agilidade na realização de arrendamentos.

Corredor de exportação


O modelo de organização do porto de Paranaguá não tem paralelo em outro lugar. Para envio de grãos ao exterior, foi organizado um sistema que interliga terminais públicos e privados, gerando eficiência. Ao esvaziar mais rápido os armazéns, os terminais escoam suas cargas com maior velocidade, há um carregamento mais ágil, ou seja, outros navios atracam mais rápido, os terminais podem receber mais carga, e isso reflete para toda a cadeia logística. À primeira vista, parece simples. Mas exige uma organização robusta e interligada. Só com cada engrenagem, sendo pública ou privada, funcionando em sintonia é possível garantir tantos prêmios e reconhecimento para o corredor de exportação.

Funcionamento dos berços


O modelo paranaense para embarque de granéis de exportação é único no Brasil. A carga pode ser embarcada simultaneamente nos três berços de atracação exclusivos para granéis e é possível que um mesmo navio receba mercadoria de diferentes produtores – inclusive dos pequenos. Esse é um sistema de “pool”. Essas estruturas de armazenagem são interligadas por correias transportadoras. As linhas levam os produtos até os porões dos navios, que são carregados por seis equipamentos (shiploaders) que operam em três berços preferencias (212, 213 e 214). A capacidade nominal de cada um dos shiploaders é de 1.500 toneladas/hora. O produto mais carregado é a soja, seguida do farelo de soja e do milho. Todo grão e farelo que chega para a descarga nos terminais é classificado e tem a qualidade atestada pela Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), localizada no Pátio de Triagem. O modelo adotado, com vários terminais interligados para carregar em três berços prioritários, cria maior flexibilidade de utilização de capacidade estática de cada terminal e permite uma maior produtividade de cada berço de atracação.

Operação diferenciada


Todos os terminais têm condições de direcionar a carga para os seis carregadores de embarque (shiploaders). Em linhas próprias, eles direcionam a carga para seis linhas centrais, que levam o produto até o navio. Desta área de ligação até o carregador são 8,4 quilômetros de correias transportadoras, que recebem manutenção preventiva diária, 24 horas por dia. Além disso, há um painel central que controla, de forma automatizada, o direcionamento dessas linhas para todo e qualquer navio. Essa operação é feita pelos funcionários da Associação dos Terminais Exportadores do Porto de Paranaguá (ATEXP), com fiscalização feita pelos funcionários dos Portos do Paraná.


Sistema de triagem

A logística de recebimento das cargas, na chegada à cidade, é pensada de forma a diminuir a chance de fila. Há janelas de agendamento para os caminhões, controle do fluxo de veículos através de cotas diárias, dentro do sistema Carga On-Line. Esse controle é feito por um “medidor” de performance dos terminais, que avalia o desempenho da descarga de cada terminal e, com base nisso, controla o cadastro dos caminhões para cada local de descarga. O pátio de triagem do Porto de Paranaguá, onde os transportadores aguardam para seguir para a descarga dos granéis de exportação nos terminais, é um espaço público, de 330 mil metros quadrados e capacidade para receber até mil caminhões, simultaneamente. Os motoristas ainda contam com a disponibilidade de serviços adicionais, como academias ao ar livre, lan house, borracharia e mecânica.