Início das obras do Moegão é anunciado em audiência pública


Por Katia Brembatti Publicado 28/10/2021 às 18h49 Atualizado 16/02/2024 às 17h35

O projeto que promete revolucionar o acesso ferroviário ao porto de Paranaguá foi apresentado pela empresa pública Portos do Paraná na quarta-feira (20), durante uma audiência pública, feita de forma on-line, com a participação da população.  

Trata-se do novo projeto de centralização da descarga ferroviária em uma moega exclusiva para trens no Corredor de Exportação, usando o sistema de moegas e correias para o Cais Leste, conhecido como Moegão.

Atualmente, cada terminal tem seu próprio sistema de descarga de vagões, mas isso complica o trânsito na região portuária e representa mais tempo de operação. A intenção é construir um grande espaço de recebimento de cargas, capaz de aumentar a capacidade com menos transtornos.

O projeto foi doado pela Rumo Logística, que tem interesse no aumento da movimentação ferroviária no local – e a obra será custeada pela Portos do Paraná. A previsão é realizar ajustes na proposta a tempo de tentar abrir a licitação ainda este ano. A partir da escolha da empresa para a realização da obra, que começaria no primeiro semestre de 2022, a estimativa é de que o centralizador esteja operando daqui a três anos. 

A ideia é ter um espaço concentrado com três moegas, funcionando em três linhas independentes, cada uma para produtos diferentes, e com capacidade de 60 vagões cada. Assim, a locomotiva que chega vai direto para esse local, que servirá a 13 terminais do Cais Leste, incluindo o PAR7, a ser licitado.

Os trens entrarão no sistema de descarregamento, sem necessidade de grandes manobras e com desvios que permitirão que as composições sejam arranjadas internamente. Os produtos escorregarão pelas moegas e serão transportados, por correias, até o local de destino. Com isso, a capacidade que hoje está em 550 vagões por dia deve subir para 900. Esses números também representarão menos caminhões na cidade. Além disso, a operação deve significar que as interferências no trânsito da região passarão das atuais 16 para cinco.

A obra também impulsionará o transporte ferroviário. Em anos recentes, a escala estava em 80 toneladas por caminhão para 20 por trem. Em 2020, a proporção foi de 75 para 25 (das 57 milhões de toneladas, 14 chegaram pela via férrea). Com a perspectiva de renovação do contrato de concessão da Malha Sul, a Rumo projeta que, em cinco anos, a partir do Moegão e de investimentos em equipamentos mais modernos para a descarga, será possível alcançar o patamar de metade das cargas, do porto de Paranaguá, serem transportadas por trem.

Ajustes finais

A audiência pública é uma etapa formal e consiste na apresentação da proposta para os usuários, com operadores e funcionários, e também para a comunidade que será impactada pela obra. Algumas pessoas relataram dificuldades para acessar a plataforma virtual em que foi realizada a reunião na quarta-feira. Problemas de áudio, também, foram registrados. Ainda está em avaliação se haverá alguma medida compensatória para contornar a situação.

Contudo, a reportagem do JB Litoral conversou com pessoas que acompanharam a apresentação do projeto e a avaliação foi de que a explicação foi clara e objetiva. Os questionamentos apresentados pela comunidade deverão ser respondidos e, eventualmente, algumas mudanças no projeto podem ser necessárias para se adequar às demandas.

Até o fechamento desta edição, o conteúdo da audiência pública não estava disponível no site da Portos do Paraná para a consulta, mas a equipe informou que está trabalhando para resolver o problema. Após a publicação desta matéria na edição impressa do JB Litoral na segunda-feira (25), foi marcado uma 2ª audiência para o dia 5 de novembro.