Nova Ferroeste promete transformar o transporte de cargas na região e impulsionar o Porto de Paranaguá


Por Luiza Rampelotti Publicado 18/08/2023 às 16h23 Atualizado 18/02/2024 às 20h44

No coração do ambicioso projeto de revitalização da infraestrutura logística do Paraná encontra-se a Nova Ferroeste, uma iniciativa que promete revolucionar o transporte de cargas na região, conectando os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina por meio de uma rede ferroviária. O coordenador do Plano Estadual Ferroviário do Paraná, Luiz Henrique Fagundes, falou com o JB Litoral sobre o empreendimento transformador e seus efeitos sobre o porto de Paranaguá e Litoral.

Em uma entrevista exclusiva, Luiz Henrique Fagundes enfatizou a importância estratégica da Nova Ferroeste como um “grande indutor no processo de transformação do Paraná em uma central logística“. Ele explica que, atualmente, a maior parte da carga proveniente do Oeste do Paraná, bem como de regiões vizinhas como Paraguai e Mato Grosso do Sul, é transportada por meios rodoviários.

Cerca de 85% das mercadorias que ingressam no porto de Paranaguá chegam de distâncias superiores a 300 quilômetros, o que seria ideal para o transporte ferroviário. No entanto, a maior parte desse volume é transportada atualmente por caminhões, o que nos coloca em uma proporção predominantemente rodoviária, de 80%, contrastando com uma fatia de apenas 20% destinada ao modal ferroviário. Através da Nova Ferroeste, a aspiração é efetuar uma integração sinérgica desses modos de transporte e otimizar suas capacidades. Esse esforço culminará em um equilíbrio notável, dividindo igualmente a distribuição entre os dois modais, ambos com suas respectivas vantagens – especialmente o ferroviário, que se destaca pela eficiência aprimorada e menor impacto ambiental”, esclarece.

Integração perfeita com o porto de Paranaguá


No entanto, Fagundes enfatiza que a Nova Ferroeste não pode ser considerada isoladamente. Ele ressalta a necessidade de uma integração perfeita com o porto de Paranaguá, considerado o melhor do Brasil por quatro vezes. “Essa interconexão já está tomando forma concreta por meio do anúncio do projeto executivo do Moegão Ferroviário, que irá promover uma descarga mais eficiente no porto”, diz.
No entanto, Fagundes enfatiza que a Nova Ferroeste não pode ser considerada isoladamente. Ele ressalta a necessidade de uma integração perfeita com o porto de Paranaguá, considerado o melhor do Brasil por quatro vezes. “Essa interconexão já está tomando forma concreta por meio do anúncio do projeto executivo do Moegão Ferroviário, que irá promover uma descarga mais eficiente no porto”, diz.

O projeto consiste na criação de um sistema exclusivo de descarga ferroviária de grãos e farelos, interligado aos 11 terminais que compõem o Corredor Leste de Exportação do porto parnanguara e promete um aumento significativo de 63% na capacidade de descarga. O governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), falou sobre o assunto em visita a Paranaguá, na última segunda-feira (7).

O Moegão ampliará o transporte de carga para o porto via ferrovias de 15% para quase 50%, resultando em uma redução significativa da poluição e das emissões de CO2 na atmosfera. Nosso objetivo é restaurar o equilíbrio no sistema de transporte, seguindo o padrão internacional de integração entre transporte marítimo, rodoviário e ferroviário. Nas últimas décadas, o Brasil perdeu esse equilíbrio, tornando-se excessivamente dependente do transporte rodoviário. Embora reconheçamos a importância desse modal, também é crucial investir em ferrovias. Esse investimento é especialmente necessário devido ao aumento contínuo no volume de carga. Restaurar esse equilíbrio não apenas promoverá eficiência, mas também demonstrará nosso compromisso com o meio ambiente”, disse.

De acordo com o governador, não há equilíbrio no sistema de transporte, tornando o Brasil dependente do rodoviário. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral


Nova Ferroeste poderá ir à leilão em 2024


Assim como o projeto do Moegão, o da Nova Ferroeste também é de grande envergadura, e Luiz Henrique Fagundes reconhece a complexidade envolvida em sua implementação. “O processo de licenciamento ambiental está em seus estágios finais, com as demandas do IBAMA sendo entregues neste mês. Estão sendo realizados estudos adicionais solicitados pela FUNAI”, explica.

De acordo com ele, todo o processo deve ser concluído em um período de 9 a 12 meses. A partir desse ponto, o projeto estará pronto para ser leiloado, com a previsão de que o transporte de cargas de Cascavel até Paranaguá possa ocorrer a partir de 2031.

A Nova Ferroeste trará desafios significativos, incluindo a necessidade de construção de uma nova descida da serra, uma remodelação da Serra da Esperança e o fortalecimento do trecho existente em Guarapuava e Cascavel. Com a nova concessão das rodovias do Paraná já considerando essas obras, os dois modais – ferroviário e rodoviário – estão destinados a trabalhar em conjunto para atender às crescentes demandas de exportação”, destaca.

Luiz Henrique Fagundes enfatiza que o sucesso da Nova Ferroeste é vital para a expansão das capacidades logísticas do estado. Com a demanda de exportação em rápida ascensão, atingir a meta de 80 a 100 milhões de toneladas de cargas exigirá modais ferroviários e rodoviários mais robustos e eficientes.

A Nova Ferroeste


A Nova Ferroeste deve ter uma extensão total de 1.567 km, passando por 66 municípios. Essa ferrovia visa reduzir os custos logísticos em cerca de 28% e facilitar o transporte de mercadorias tanto para o mercado interno quanto para a exportação.

A linha principal conectará Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá, passando por diversos locais de produção e processamento, como a região de Cascavel e Chapecó. Dois ramais adicionais estão planejados: um ligando Cascavel a Foz do Iguaçu para captar cargas da Argentina e Paraguai, e outro entre Cascavel e Chapecó, importante produtor de proteína animal.

O Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental (EVTEA) estimou que a ferrovia transportará cerca de 38 milhões de toneladas de grãos e contêineres no primeiro ano de operação, com grande parte destinada à exportação, tornando-se um dos principais corredores para grãos e contêineres refrigerados do país.

O projeto está na fase final de licenciamento ambiental e será leiloado na Bolsa de Valores do Brasil. O vencedor terá a responsabilidade de construir e operar a ferrovia por um período de 99 anos, com o início da operação previsto entre Cascavel e Paranaguá sete anos após a assinatura do contrato; o investimento estimado é de R$ 11,5 bilhões para o trecho. Além disso, há um orçamento total de aproximadamente R$ 21,3 bilhões para a conexão com Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Foz do Iguaçu.