Previsão se concretiza: marítimo sofre acidente e sindicato culpa escala exaustiva


Por Redação Publicado 10/10/2021 às 21h06 Atualizado 16/02/2024 às 15h40

No final da segunda quinzena de setembro, o JB Litoral trouxe uma reportagem sobre o alerta feito pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Marítimos e Fluviais e Empregados Terrestres de Empresas do Paraná (Settapar), com situação da atual escala de trabalho, que comprometia a saúde dos trabalhadores e colocava a operação em risco de acidentes.

Os rebocadores, que auxiliam na condução dos navios na baía de Paranaguá, querem voltar à escala de trabalho anterior à Covid-19. No mês passado, a categoria já sinalizava exaustão com a jornada de sete dias embarcados, seguidos de sete dias de folga, algo que seria provisório, para diminuir a circulação de pessoas no porto, mas que já dura um ano e meio. Os rebocadores querem a volta do “3 2 2 3”, em que os profissionais ficavam nas embarcações três dias e depois dois em casa, mais dois trabalhando e outros três descansando.

De acordo com o vice-presidente do Settapar, Patrick Couto, na última quarta-feira (6), um trabalhador de 63 anos, Paulo Leão, com mais de 20 anos de experiência, sofreu um acidente que lhe causou lesões graves.

“O convívio a bordo já não está legal, porque o porto não para e o trabalho é de 24h. E, na quarta-feira, o trabalhador foi passar o cabo no navio e a perna dele ficou presa entre o pneu do rebocador e o paredão, a chapa de ferro do navio. Ele sofreu fratura exposta em três pontos da perna e está internado”, disse Patrick Couto.

Caminho da justiça

O vice-presidente do Settapar atribui o acidente à jornada e revela que o sindicato entrará com pedido judicial para voltar à escala cumprida até março do ano passado. “Eu dou fé que ele sofreu esse acidente em virtude da escala extensiva de trabalho. Os trabalhadores chegam tão cansados em casa que os dias de folga não são suficientes para o repouso físico, nem psicológico, pois sabem que terão de voltar a ficar sete dias trabalhando 24h, sem intervalo. O Settapar fará denúncia na Capitania dos Portos, no Ministério do Trabalho e no Ministério Público do Trabalho, porque as empresas já foram todas comunicadas e não fizeram nada”, desabafou.

Paulo Leão segue internado no Hospital Regional do Litoral. Ele é um dos 180 trabalhadores marítimos que atuam em Paranaguá, em 14 embarcações de rebocadores. Um vídeo foi registrado no momento em que ele era socorrido:

VÍDEO: