Projeto de concessão do Canal da Galheta, no Porto de Paranaguá, ganha impulso
Desde 2021, o canal de acesso ao Porto de Paranaguá, conhecido como Canal da Galheta, está na mira de concessão à iniciativa privada. Na época, ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o projeto era descrito como prioridade nacional pelo Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI).
Apesar de não ter saído do papel durante a gestão anterior, em março deste ano, o atual secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários do governo Lula (PT), Fabrizio Pierdomenico, esclareceu, ao JB Litoral, durante visita a Paranaguá, que a proposta continua de pé e, em breve, deve se tornar realidade.
Já na terça-feira passada (11), o assunto voltou aos holofotes. Durante o segundo dia do Sul Export – Fórum Regional de Logística, Infraestrutura e Transportes, realizado em Curitiba, a Portos do Paraná apresentou o projeto. De acordo com a empresa pública, o modelo paranaense de concessão marítima procura atrair investimentos da iniciativa privada para serviços de dragagem, derrocagem, sinalização, batimetria, programas e monitoramentos ambientais.
O objetivo principal da proposta é ampliar o calado no Canal da Galheta, que possui aproximadamente 22,6 quilômetros e dá acesso aos portos de Paranaguá e Antonina. Atualmente, a profundidade máxima permitida para a entrada de navios é de 12,8 metros. Durante a fase de implantação, espera-se alcançar 13,3 metros e, após a concessão, chegar a 15,5 metros.
Modelo a ser seguido
A concessão em estudo é parcial e segue um modelo híbrido de julgamento, levando em consideração o maior desconto sobre a tarifa e o maior valor de oferta. Os investimentos previstos totalizam R$ 1,05 bilhão, com R$ 251 milhões até o segundo ano e R$ 797 milhões até o quarto ano.
O diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, enfatiza a importância de o estado liderar uma concessão pioneira no país. Segundo ele, “esse processo é fundamental para a segurança da navegação, proporcionando maior agilidade à chegada de grandes navios“.
A proposta paranaense de concessão já é considerada um modelo pelo Governo Federal, como destacou o superintendente de Projetos Aquaviários da Infra.SA, Thilo Martin Zindel. “Devemos seguir esse modelo de concessão em outros portos do Brasil“, afirmou.
O Sul Export aconteceu na semana passada (10 e 11) e é uma das etapas regionais que antecede o Fórum Brasil Export, em Brasília, previsto para 16 de outubro. O evento no Paraná contou com a participação de representantes de todo o Brasil, incluindo autoridades da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Ministério de Portos e Aeroportos, empresários, entidades de classe e ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Busca por soluções inovadoras para o setor portuário
Não deu nem tempo de descansar do Sul Export e, já na quinta-feira (13), integrantes do Comitê de Inovação da Portos do Paraná estavam participando do Cubo Maritime & Port, em São Paulo. O objetivo foi buscar subsídios e soluções inovadoras para atender às necessidades estratégicas da autoridade portuária e impulsionar o setor no Paraná.
Durante o evento, os participantes tiveram a oportunidade de acompanhar painéis que abordaram as tendências em inovação no setor marítimo e portuário, além de discutir aspectos regulatórios relacionados à cultura de inovação. Também tiveram acesso a cases reais de novidades tecnológicas já implementadas na indústria.
O diretor presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, deixou claro que a melhoria é a chave para transformar os portos paranaenses em verdadeiros protagonistas. “Estamos nos estruturando para trazer melhorias constantes. Por isso, criamos recentemente um comitê especializado em inovação, olhando para o futuro e modernizando nossa autoridade portuária no estado“, afirmou.
O Cubo Maritime & Port é uma iniciativa do Cubo Itaú. O objetivo é criar o maior hub de inovação no âmbito portuário da América Latina, trazendo colaboração entre grandes corporações e startups para desenvolver novas soluções às dificuldades de um dos maiores ecossistemas da economia nacional. O intuito é estimular conexões dentro do ecossistema portuário para gerar oportunidades de transformação, discussões sobre tendências e os desafios que permeiam o futuro da indústria.